terça-feira, 21 de junho de 2011

A pequena vela, alheia a tudo, ilumina com timidez trêmula os movimentos da minha mão, tão pálida quanto os papéis em que derramo minhas palavras minúsculas e repletas de segredos.
-
Em descompasso desvairado, passa diante de meu olhar inerte o Tempo; fita meus olhos letárgicos e, com inegável prazer, pisoteia meu corpo com seu trote pesado. Segue adiante, então, furioso, veloz, e desaparece à medida em que alcança o horizonte.
-
Uma escuridão aguda preenche o cômodo: a vela derreteu e os poucos feixes de luz que adentram a alta janela não são suficientes para iluminar. Tateio a estante caótica à procura de mais velas e fósforos.
-
Há quanto tempo, em ânsia e desespero, sento nessa cadeira desconfortável, curvado sobre o calhamaço, como em proteção ao que escrevo com movimentos mecânicos e veementes?
-
Por que escrevo, se tudo isso ficará em qualquer canto apertado e coberto por poeira
da minha própria estante?

Nenhum comentário:

Postar um comentário